ALZHEIMER! (ALTERAÇÃO NA MEMÓRIA E COMPORTAMENTO.).

Francisco, sempre foi um rapaz fora de série. Quando jovem, jogava bola como ninguém. Atacante do time, Chiquinho começou num time de várzea e, descoberto por um olheiro, transformou-se num grande profissional. Aos dezoito anos já era muito valorizado no meio futebolístico. Fechou contratos importantes no decorrer da carreira. Aos trinta anos tinha armazenado um bom dinheiro, graças ao pai, seu empresário. Soube administrar seus ganhos. O poder e o sucesso não afetaram seu caráter equilibrado, ao contrário do que normalmente acontece com jogadores. Esteva em plena carreira, já com trinta e dois anos, quando sofreu um acidente de carro que o excluiu, definitivamente, da carreira de futebol. Sofreu. Traumatizante para ele! Como tinha boa estrutura emocional não se entregou. Organizou-se! Depois de pouco tempo abriu uma empresa na área de “equipamentos eletrônicos” com economias acumuladas. Contratou gente de peso.  Empenhou-se. Era determinado. Estudou  tudo sobre o assunto. Buscou parcerias especializadas. Assumiu um sócio minoritário, amigo antigo e seu admirador. Depois de quatro anos de muito trabalho, começou a receber os frutos. Vida mais tranquila! Apaixonou-se por Jasmim. Conheceu-a no meio profissional. “Era realmente uma flor aquela menina”! Casou-se. Seu lar foi colorido por duas filhas, Joana e Laura. Paixões de sua vida, além de sua mulher, claro. O tempo passou! Francisco trabalhando mais do que devia. Centralizador. Tinha dificuldades em delegar. Traço espertamente muito explorado pelo sócio e gerências. “Facilitava a vida deles”! Na verdade ele trabalhava por todos. Era sempre ele que resolvia os maiores problemas. Além do mais, era muito humilde. Não se apropriava de seus feitos. Sempre dividia  conquistas, sem cobrar maior participação dos integrantes de primeira linha. Desgastava-se demais. Muitas vezes, ficava em seu limite energético mínimo sem se dar conta. Vivia descompensado pelo excesso de trabalho e preocupação. Dores no estômago. Baixa glicemia. Tomava lá seus remédios e dava um jeito provisório nessas reações orgânicas. Assim o tempo foi passando. Além do desgaste físico do futebol, acumulou também intensos estresses de sua atuação na área executiva.  Com cinquenta e dois anos começaram a surgir dores intensas nas articulações, comprometendo-o profissionalmente, mais uma vez. Concomitantemente, seus reflexos foram ficando mais lentos que o normal para a sua idade. Resistiu muito em aceitar essa realidade. Não se conformava. “Não tinha história genética para isso!”. Assustado, tentava disfarçar os problemas, esforçando-se para parecer normal. (Reflexo é uma reação corporal automática, imediata e constate. Uma lesão que interrompe o arco reflexo em qualquer uma de suas partes pode provocar perda do reflexo. Estruturas encefálicas podem exercer ação inibitória ou estimulante sobre os reflexos). Como estava ganhando peso muito rápido, suspeitou-se que poderia ser “hipotireoidismo”. Essa possibilidade foi descartada. Depois de uma bateria de exames e de uma ressonância magnética cerebral, foi diagnosticado com início de “ALZHEIMER PRECOCE”. Iniciou tratamento clínico pra melhorar  sintomas e a qualidade de vida. Foram indicados muitos exercícios aeróbicos, de força, equilíbrio e coordenação. Exercícios em grupo, como caminhada, corrida, hidroginástica, natação, são eficazes tanto física quanto emocionalmente. (Vida natural e menos estresses facilitam a circulação energética). Como tratamento adicional, foi sugerida a utilização do óleo de cannabis. Estudos apontam que ele ajuda a conter a formação de beta-amilóide no cérebro (fibra proteica pegajosa que se junta rapidamente e forma placas prejudiciais  ao funcionamento da região onde é formada). Sua família unida contra esse monstro invisível deu a maior força a Francisco. Com a introdução desse novo estilo de vida, cheio de esportes, respiração e alimentação saudável, uma nova esperança nasceu. Jasmim, Joana e Laura bolaram um programa legal em família. Resolveram fazer do limão, limonada! Divertiam-se, brincavam e trabalhavam respiração em grupo. Duas vezes por semana. O clima de doença foi dando espaço a uma nova vida. Além disso, Francisco foi fazer terapia num grupo masculino. Lá transformou-se numa nova pessoa. A neurose e a doença perderam espaço. Articulava emoções, pensamentos, sensações, explorando e expandindo sua capacidade cerebral. Fazia parte trabalhar sonhos e alegria de viver. Voltava de lá renovado! Começou a fazer quadros coloridos e cobiçados. Conquistou um público. Fez exposições. Muito entusiasmado com a nova vida, ninguém o reconhecia mais! Essa nova fase possibilitou descobertas e renascimentos inesperados. Voltou a sentir a vida melhor do que antes! Centrado. Autêntico. Parece que descobriu que não precisa mais responder às expectativas do outro. Noutro dia comentou com a Jasmim: NUNCA SENTI TANTO O TEU PERFUME!