Fogo no coração! Como ardia! A mente sem conexão alguma com o bom senso! Caminhava descalça pela rua escura, iluminada apenas pela luz da lua. Pedrinhas pequenas e pontiagudas, espetavam os meus pés como espinhos venenosos. Os pés sangravam! Eu nem me importava. A dor do peito era muito maior! Nesse estado quase letárgico, passou por mim um bêbado que, apesar de sua embriaguez, passos vacilantes, mesmo assim, conseguiu me enxergar e buscou conversa. O abrupto contato daquele instante, me trouxe pra realidade enlouquecedora da qual estava fugindo! Ele segurou meu braço num gesto quase violento me obrigando a reagir, mas, num ” tranco”, me livrei de suas mãos! Num surto quase louco comecei a gritar, o grito profundo das entranhas, até sentir minha garganta sem voz! Doía, doía! O embriagado, falando enrolado, meio baixo, gritou no meu ouvido: -ACHO QUE BEBEMOS DEMAIS! QUER TOMAR UM CAFÉZINHO? Olhei para ele e tive pena de nós!
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