CENA DE UM CRIME (MEDO/BLOQUEIO EMOCIONAL)

Algumas vezes na vida a gente se assusta com certas sensações que se afloram! Nossa tendência é negar alguns registros emocionais, na tentativa de não sofrer  dores, que ficaram recalcadas em nosso interno. Saber disso pode ser muito importante para a busca do equilíbrio energético e psicológico. Todas as nossas experiências de vida ficam registradas no sistema psico-corporal. As situações traumáticas são as mais importantes! Existe uma defesa tentando dificultar o acesso mental à elas. Dependendo do grau do bloqueio, fica muito difícil conhecer e expressar esse sentimento! Essa defesa foi desenvolvida com a função de evitar a dor e de reviver o trauma sofrido! Só que ele continua lá , bem guardadinho! Com o passar do tempo, essa contenção, inconsciente, pode alterar a qualidade de vida emocional, sem a gente  perceber a razão. O caso de Mônica reflete bem o que está sendo descrito aqui! Uma mulher que tinha tudo para ser feliz! Bem amada pelo marido, que a enchia de mimos e carinhos, tentando adivinhar todos os seus desejos. Fazia de tudo para vê-la feliz ! Tinha uma vida financeira segura. Realizada profissionalmente. Conheci Monica,  numa tarde de primavera! Eu estava em meu consultório, me preparando para dar uma caminhada, num sol delicioso, quando escuto a campainha e, abrindo a porta, vejo uma mulher visivelmente deprimida. Pedindo socorro! Sentindo o quadro emocional, me prontifiquei à atendê-la! Sentia vontade de morrer, dizia ela. Impotente, não  conseguia se livrar do vazio interno que estava destruindo a sua vida.  Falou que o início dessa sensação se deu numa noite, quente de amor, enquanto transava com o seu marido, por quem tinha muita paixão e atração! Durante a transa, o seu companheiro, muito empolgado, começou sussurrar ” coisinhas” em seu ouvido, apimentando o momento! Numa dessas”expressões picantes”, murmurou:- “VEM AQUI MENININHA DO PAPAI”! Naquele instante foi como se todo o seu corpo ficasse contraído. Sem vida!  Num impulso ela gritou “CHEGA”! Caiu num pranto compulsivo! Seu marido ficou chocado com essa reação tão inesperada. Ele não sabia do abuso sexual que ela tinha sofrido na infância! Nunca contou essa história à ninguém, por ter sofrido severas ameaças. Bloqueou em seu coração, muito medo e insegurança.! Houve um mecanismo que apagou esse trauma de sua mente.  Mas, naquela noite, enquanto fazia amor, a frase que ouviu despertou todo o pavor que ficou  contido por tantos anos. Depois disso, ela ficou totalmente desestruturada  emocionalmente, entrando em depressão! Seu casamento entrou numa crise brava! Ela, assim como seu marido, não tinha noção porque passou a se sentir  tão mal assim! Não queria mais nenhum contato íntimo! Começou a se fechar em si mesma! Foi ficando contraída e apática, chegando a sentir nojo de seu companheiro! Tomou calmantes na tentativa de resgatar sua identidade. Não melhorou! Esse quadro emocional  não dava mais pra suportar! Pensou até em suicídio! Naquela tarde de setembro, de algum jeito, a vida soprou mais forte! Talvez o sol daquela tarde, tenha aquecido seu coração e fez com que ela viesse buscar ajuda. Queria sair daquele drama. Queria viver! Iniciou um processo terapêutico onde, paulatinamente, foram surgindo sensações da violência vivida! Compreendeu que as ameaças e sensações blindadas dentro de si, não poderiam continuar destruindo a sua vida emocional. Trabalhando o seu interno foi percebendo que quando criança, foi sim, vítima de um homem doente, criminoso! Não teve escolha! Como adulta, no entanto, já tinha discernimento para saber o que queria e o quanto poderia se cuidar! Não iria  continuar sofrendo pelo crime que não cometera! Foi se desfazendo de sentimentos destrutivos que trancaram sua alma numa prisão. Começou a focar o que tinha de bom em si. A culpa e o perdão foram abrindo espaço para o resgate da menina alegre e feliz. Hoje, ela já não é mais, prisioneira de um crime!

 

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